Fonte: UOL.
Autor: Içami Tiba.
Muito se tem falado sobre o bullying e, neste texto, abordarei o tema
correlacionando-o com os instintos animais sob a ótica da Lei da
Matilha.
Todos os animais têm instintos, que regem seus comportamentos. Todos os
humanos são mamíferos e, em nós, são nítidos os instintos de
sobrevivência e de perpetuação da espécie em cada um dos seus
indivíduos. A grande diferença é que os humanos, por serem inteligentes,
desenvolveram a civilização e a cidadania. A lei instintiva da matilha
procura eliminar seu componente mais fraco, mais lento ou defeituoso,
pois estes enfraquecem a matilha, enquanto os civilizados os protegem.
Assim também temos resquícios de comportamentos animal nos relacionamentos sociais humanos.
Atualmente a educação de valores humanos da cidadania também foi
atingida pelos acelerados avanços da civilização. A emancipação da
mulher, a substituição da educação familiar pela escolar (com as
crianças sendo levadas às escolas até com menos de 1 ano de idade), as
dificuldades financeiras, o consumismo etc. trouxeram grandes diferenças
nos funcionamentos das famílias. As crianças foram saciadas nas suas
necessidades, o que é natural, e nas vontades, que precisariam ser
educadas. Elas tornaram-se tiranas, mandando nos seus pais, chegando até
mesmo a agredi-los fisicamente, por falta de limites e educação.
Pelo silêncio e não reação, os pais confirmaram esta tirania e os
amados filhinhos tornaram-se tiranos não frustráveis, e quando
frustrados reagem com violência. Ao agir, estas crianças seguem os
conceitos humanos mais primitivos, quase instintos animais. Na família, o
filho mais fraco é protegido pelos seus pais, mas seus irmãos em geral
judiam dele, tiram vantagens pessoais da fraqueza dele: é o bullying
sendo praticado dentro de casa.
Na escola, os alunos não aprendem somente o que os “professoras
ensinam”, pois eles imitam e copiam os comportamentos dos mais fortes,
nunca do mais fraco. Os pais em casa, também por ficarem tanto tempo
fora dela, quando estão juntos com os filhos tornam-se tolerantes e
submissos aos caprichos e delinquências dos tiranos domésticos.
Os tiranos domésticos tiranizam também nas ruas. A grande oportunidade
para ser líder é descobrir quem não reage, o que tem medo, o que pode
ser dominado. Esta não-reação é o principal componente para que o
bullying prossiga. O agressor se torna líder e impõe à vítima toda a
sorte de abusos. Este vítima, além da dificuldade de reagir, torna-se
refém das suas ameaças e entra em pânico. É quando apresenta calado os
sinais de abusado pelo bullying.
Não há dois líderes numa matilha. Um é líder e todos os outros são
seguidores. Quando um mais fraco é atacado pelo líder, é atacado também
pelos seus seguidores. Assim ocorre com o bullying. Quando um líder
ataca a sua vítima, naturalmente outros jovens sem educação adotam o
mais forte como líder e também atacam a mesma vítima. Somente entre os
humanos educados é que emerge aquele que vai proteger a vítima, pois não
somos animais.
Compreendendo-se esta dinâmica, os pais e professores terão melhores
condições de combater o bullying, interferindo com ajuda à vítima e
educação do líder abusador e seus seguidores. A vítima tem que aprender a
se defender. O líder e seus seguidores têm que aprender a ser cidadãos.
Estes trabalhos devem ser feitos na parceria entre pais e professores
para transformar maus líderes em seguidores. Portanto, alguém tem que
ser mais forte do que eles, já que esta é a linguagem que eles entendem.
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