sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Para conseguir melhor Ideb, municípios do Norte pagam recompensa a professores


Fonte: Uol.Camila Campanerut *- Enviada do UOL Educação

Em busca de um Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) maior, os secretários de educação de alguns municípios resolveram pagar mais aos professores e às escolas que apresentarem melhores resultados

O Ideb é a "nota" do ensino básico no país, que vai de 0 a 10 e é calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar (ou seja, com informações enviadas pelas escolas e redes), e médias de desempenho nas avaliações do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), o Saeb – para os Estados e o Distrito Federal, e a Prova Brasil – para os municípios.
Um dos exemplos dos que querem melhorar o índice por meio de incentivo financeiro extra aos professores é a pequena cidade de Trairão, no sudoeste do Pará. A secretária de educação da cidade, Maria Regina Pires, conta que foi criado um projeto para que os professores e as escolas ganhem mais caso seus alunos apresentem um melhor desempenho.
“Com o projeto ‘professor por excelência’, a gente espera que dê uma alavancada no município. Para quem mais se destacar, o professor vai ganhar um valor de R$ 1 mil cada e a escola, R$ 500,00. Mesmo não sendo um valor alto a gente espera motivar os envolvidos”, explica Maria Regina.
O incentivo financeiro já é prática em outro município do Norte do país. O secretário de educação do município de Careiro (AM), Paulo de Andrade, conta que estipulou uma meta mais “ousada” para estimular seus profissionais a trabalharem com mais afinco.  “A escola que tirasse nota 5,1 no Ideb, os professores receberiam 14º e 15º salários”, resumiu.
Segundo Andrade, em 2009, oito escolas de Careiro tiveram a nota 5,3 e receberam o combinado e outras nove, receberam a nota 5 -- um índice considerado bom pelo MEC é 6 (nota média dos países desenvolvidos). “O prefeito decidiu pagar, pelo menos, o 14º [salário] para eles”, conta o secretário.

O uso do Ideb

Criado em 2005, o Ideb é divulgado a cada dois anos. O primeiro foi em 2007 e o segundo, em 2009 e a análise da evolução do índice ajuda a diagnosticar a qualidade do ensino e permite ao governo priorizar suas políticas de apoio às redes municipais com notas menores.
Para os municípios, comparar o Ideb é mostrar ao governo que estão cada vez mais próximos da meta traçada pelo MEC (Ministério da Educação), de nota 6 até 2021 e, inclusive, reforçar a imagem política local de gestão competente.
Já as algumas escolas acabam usando os números para competir entre elas. A ação, no entanto, foge do objetivo original do Ideb, como explica a coordenadora de controle de qualidade e indicadores da Educação Básica da Diretoria de Estatísticas Educacionais do Inep, Carla Castro: “O objetivo do Ideb não é fazer um ranqueamento das escolas. Até porque cada escola, cada município, cada rede tem a sua própria meta. Cada um tem um esforço que foi calculado para que o Brasil atinja a meta 6 em 2021”. 
O Ideb orienta, ainda, a política de distribuição de verbas do Ministério da Educação -- municípios com baixo desempenho podem receber reforço orçamentário se elaborarem um plano de ação, comprometendo-se com a melhoria da qualidade de sua rede.
* A jornalista viajou a convite da Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação).

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