quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Campeã em matemática, brasileira ganha bolsa de estudo em Harvard



FONTE: Angela Chagas

Estudar em uma das melhores universidades do mundo é um sonho de criança que virou realidade para Deborah Alves, 18 anos. A jovem paulista é uma das revelações brasileiras nas olímpiadas internacionais de matemática - a última conquista foi a medalha de bronze na prova que reuniu "gênios" de todo o mundo em Amsterdã, na Holanda, em julho. De malas prontas, ela se prepara para embarcar rumo aos Estados Unidos ainda este mês, quando começa a estudar em Harvard.
A jovem ganhou uma bolsa de estudos na universidade, que custeará 90% de suas despesas no país. O restante ficará por conta de sua família. "Primeiro eles analisam o desempenho acadêmico, depois pedem informações sobre o rendimento familiar, dependendo da renda é o valor da bolsa", afirma Deborah, que terminou o ensino médio no final de 2010, no colégio particular Etapa, de São Paulo.
Deborah participa de olimpíadas de matemática desde a quinta-série e acredita que isso foi o diferencial para conseguir ingressar numa das faculdades mais disputadas do mundo. "O processo de seleção nas universidades americanas é bem complexo, não é como aqui, que entra quem for melhor no vestibular. Lá eles analisam todo desempenho escolar e a olimpíada ajudou a incluir no meu perfil que eu me dediquei a alguma coisa", afirma.
Segundo a jovem, as universidades americanas valorizam os jovens que se destacam em alguma atividade, seja no esporte, nas artes, no meio acadêmico. "Eu tenho certeza que o meu diferencial foram as olimpíadas, não só por ganhar, mas por me interessar nisso, e me dedicar", observa.
A estudante, que desde pequena adorava fazer cálculos, começou a participar das provas incentivada pelos professores do colégio particular onde estudava. No primeiro ano não consegiu nenhuma premiação, mas gostou da ideia e resolveu seguir em frente. Na sexta-série começou a fazer um cursinho gratuito no colégio Etapa, voltado à preparação de estudantes para as olimpíadas. Na oitava série, fez uma prova e conseguiu bolsa para estudar na escola.
"Não foi tudo fácil, eu tive que estudar muito e meus pais me ajudaram. As vezes eu tinha aula até as dez horas da noite", afirma a jovem, que intercalava as aulas no colégio com o curso de matemática. "A internet sempre me ajudou muito também, quando eu estava em casa, estudava nos fóruns e imprimia artigos sobre as questões mais difíceis", diz.
Deborah afirma que as olimpíadas internacionais tem um nível de dificuldade alto, mas ela não se considera um "gênio". "São dois dias de prova, quando temos 4 horas e meia para fazer três problemas, que exigem bastante conhecimento. Não é como no colégio, temos que interpretar as questões, mas estudando bastante, analisando as provas anteriores, não fica tão difícil".
Acostumada com álgebra, teoria dos números e geometria, a jovem só se atrapalha quando precisa calcular o número de medalhas que já conquistou. "Acho que foram mais de dez", afirma Deborah. Ela ainda não sabe qual curso vai estudar na universidade americana, no começo fará disciplinas genéricas. "Em Harvard podemos escolher o curso depois, mas acho que vou acabar optando por Matemática ou Computação".
Olimpíadas revelam talentos
Deborah destaca que as olimpíadas são uma boa oportunidade para o desenvolvimento de novos talentos, mas acredita que é preciso que haja maior valorização das provas. "Nós vamos para outros países representar o Brasil, mas ninguém sabe disso", afirma. "Com as olimpíadas das escolas públicas, eu acho que essas competições estão começando a ganhar maior destaque no Brasil, mas ainda falta muito".
Na semana passada, o governo federal divulgou detalhes do programa Ciência sem Fronteiras, que vai conceder 100 mil bolsas de estudos para brasileiros no exterior. Um dos critérios para a escolha dos bolsistas será a participação em olimpíadas. "Que bom que o nosso empenho começa a ser valorizado. Isso vai estimular mais pessoas a participar das provas", diz Deborah.

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