quarta-feira, 25 de maio de 2011

Aula obrigatória de música nas escolas amplia mercado na área

Com a obrigatoriedade das aulas de música no currículo das escolas, especialistas acreditam que o número de alunos na faculdade tende a aumentar

A carreira de músico se inicia muito antes de entrar na vida acadêmica. Para ingressar na faculdade, é preciso ter algum conhecimento para enfrentar a prova de conhecimentos específicos. Com a obrigatoriedade das aulas de música no currículo das escolas, especialistas acreditam que o número de alunos na faculdade tende a aumentar.
Para ingressar no curso, é preciso passar por uma prova específica antes de realizar o vestibular. Nesse teste, o aluno já encaminha a área que pretende fazer na faculdade. É feita uma prova individual, em que o estudante é acompanhado por uma bancada de professores e precisa demonstrar suas habilidades em diversas áreas da música, com ênfase para o campo que deseja seguir.
Apesar de escolher o instrumento no início da faculdade, o aluno tem contato com outras práticas musicais durante o curso, porém, se ele desejar trocar de especialidade precisa realizar uma nova prova específica para que ocorra a migração.
Segundo o chefe do departamento de música da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Jocelei Bohrer, houve uma mudança no mercado de trabalho, pois as orquestras que eram uma das principais opções para quem deixava a faculdade, estão diminuindo de quantidade. A boa notícia é que alternativas estão surgindo.
O que deve gerar uma grande mudança na área é a lei aprovada em agosto de 2008, que determinou um prazo de 3 anos para que todas as escolas públicas e privadas disponibilizem aulas de músicas aos seus alunos. Para Bohrer, isso qualificará o curso de graduação.

"Essa medida vai aumentar a porcentagem de estudantes, pois as crianças terão um contato desde cedo com a música. Teremos alunos mais preparados, e também poderemos selecionar melhor os candidatos. Mas só sentiremos esses efeitos daqui cinco anos", estima.
O curso de licenciatura na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) existe há 6 anos e, de acordo com o coordenador da graduação de música da faculdade, Fernando Hashimoto, já houve um crescimento na procura pela faculdade.

Hashimoto acredita que os cursos de música, principalmente os voltados para a pedagogia, tendem a crescer graças à falta de profissionais graduados no mercado. "O número de professores que essa nova lei demanda não existe", afirma.
Lúcio Salimen, 22 anos, se formou em janeiro de 2010 no curso de licenciatura em música no IPA, em Porto Alegre (RS). Porém, quando ingressou na faculdade não sabia se era exatamente o curso certo. "Eu entrei por não saber muito o que fazer, nunca tinha me imaginado dando aula", afirma. Mas, depois de formado, lecionou em creches para crianças de 0 a 6 anos.
Na sala de aula, Salimen trabalhava com a construção de instrumentos recicláveis e a história da música. Outra faixa etária que atuou foi a de 7 a 15 anos, com a qual usava mais os instrumentos, tocando os ritmos preferidos dos alunos, que incluíam o sertanejo, samba, música gaúcha e outros ritmos brasileiros.
"Temos várias gerações com cultura musical defasada", diz Salimen. O educador acredita que a nova lei terá que ser pensada, pois ainda não se sabe se a música será usada como uma forma de entretenimento ou se será uma disciplinas como as outras. Mas ele acredita que a novidade possa até auxiliar em outras disciplinas.
"A percepção musical é muito trabalhada, isso muda a percepção para todas as disciplinas. O aluno terá que ter atenção, vai aprender a ouvir, trabalha ao mesmo tempo a coordenação motora e intelectual, isso com certeza vai ajudar em outras disciplinas no colégio", afirma o professor.


Fonte: Terra

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